Neste mar azul onde me invento
Nestas ondas de espuma branca a bailar
Sou o gavião garboso planando ao vento
Gritando liberdade pelo ar
Sou a areia quente que num abraço
Corre célere por entre os dedos,
Sou água fria, feita em pedaços
Sou a discreta anémona nos rochedos.
Sou da errante gaivota o piar
Sou concha morta na praia
Onde surdamente ainda se ouve o mar
Com a cambraia delicada do coral
E por entre esta renda de estrelas
Me escondo, deixo-me enrolar
Manuela Barroso, "Inquietudes", Edium Editores, 2102