terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Súplica da Árvore




- Machado (disse a árvore, ao machado):
No meu tronco não ouses o teu fio!
Não é digno, no chão, ver-se deitado,
Quem nasceu para ser, somente, erguido!

Mas o machado, surdo, a qualquer brado,
Talhava o tronco indiferente e frio.
Quando, o destino, já nos foi traçado,
Ninguém lhe muda mais o seu feitio.

Já quase, prestes, a cair no chão
(Suspiro antes que a morte nos consuma),
A árvore insistiu… mas foi, em vão.

Então, a estralejar, se desapruma,
Pois, seja por desatino, ou condição,
Nunca fica, de pé, coisa nenhuma.


Florentino Alvim Barroso -”O Vento e as Ventanias”, Edium Editores


10 comentários:

  1. Boa noite Manuela,
    Um poema belíssimo e muito pertinente numa época em que o Homem tanto desrespeita as leis da natureza.
    Que 2020 seja um ano em que as consciências se sintam sensibilizadas para estes e outros aspetos que estão a matar o Planeta.
    Um beijinho e bom 2020!
    Ailime

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  2. Triste súplica, linda poesia...beijos, chica

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  3. Linda e dorida súplica que não foi atendida. E natureza continua derramando suas lágrimas de dor
    Lindíssimo comadre
    Beijinhos no ❤️

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  4. É quase um crime cortar árvores. Mas há muita gente que gosta de o fazer. O teu poema é um grito de alarme das árvores. Parabéns Manuela.
    Um grande beijo.

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  5. Um belo poema que nos faz reflectir... e que me remeteu de imediato para a desflorestação intensiva, que está a ser levada a cabo na Amazónia... só mesmo pelo machado, nada fica de pé... pois mesmo na Austrália, apesar dos incêndios tão devastadores... a árvores já se estão a regenerar de novo... estive há pouco a ver as primeiras imagens disso mesmo... os primeiros rebentos... em paisagens, a perder de vista... e que só aparentemente se tornaram em carvão... a vida continua por lá... latente...
    Adorei ler, Manuela!
    Finalmente passando por aqui, com um considerável atraso... após a quadra festiva... a azáfama da mesma, associada aqui a uma situação de saúde da minha mãe, alergia a um medicamento, impediram-me de conseguir chegar a muitos espaços dos amigos da blogosfera, conforme desejaria!... Pelo que só agora, o estou fazendo, aos poucos...
    Aproveito para deixar um beijinho, e os meus votos de um muito feliz 2020, para si e todos os seus, Manuela! Com muita saúde, bons momentos, muitos projectos, para idealizar e concretizar... e maravilhosas inspirações nos seus espaços, que é sempre um prazer imenso descobrir e apreciar!...
    Um beijinho grande! Tudo de bom!
    Ana

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  6. Boa noite de Domingo, querida amiga Manuela!
    Lembrei-me de um diálogo que fiz no colégio da árvore com o machado. Foi boa a prosa na época e a imagem que você usou aqui é muito propícia e intensa.
    Senti a dor da árvore no poema postado.
    Tenha dias felizes!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

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  7. adorei seu post
    https://www.noticiasdaweb.com.br/

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  8. Há desalmados, capazes de derrubarem árvores,
    mas pior, muito pior, são as que caem a mando
    das autarquias e cuja falta descaracteriza
    um lugar.
    Um belo poema de intervenção ecológica.
    Beijinhos, Manuela.
    ~~~~

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  9. Dolorosa suplica amiga.
    Dizem que a arvore perfuma o machado que a fere.
    Cada arvore que tomba, ´
    é uma ferida na mata.
    Cada arvore que cai,
    é um deserto que sai.

    Belo triste poema do Alvim Barroso( coincidência ou irmão)
    Grato pela partilha que é um grito.
    Beijinho amiga

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  10. O meu pensamento não foi conduzido para questões de natureza ambiental. Pareceu-me antes uma impressiva reflexão sobre a temática da caducidade da vida e da irreversibilidade do destino.
    Honra ao bardo.
    Juvenal Nunes

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