Hoje acordou-me o rio de todos os afectos
Espreguicei-me nos limos suaves,
numa placenta morna protegendo-me dos ímpetos
do bico dos peixes no voo das águas
Toquei a minha pele, nas entranhas, onde
as sensações se disfarçam nos mistérios
da vida
Memórias do inconsciente nas horas brancas
em que te embalava no meu seio
Permaneço ainda deslizando sombras maternais
no regaço que nunca arrefece.
Tenta demolir as pedras do abrigo materno!
Jamais apagarás os alicerces da
cidade que mãe construiu em ti.
Tu, mãe,
fonte de todas as sedes, onde morrem todas
as ânsias e todas as saudades, que vozes te
segredam a ausência de ti?
Que sangue perfuma a transparência da tua alma?
Que pedra constrói o monumento da tua coragem?
Tu, que és mãe,
semeia de branco as constelações que fazes nascer
no perfume das velas, na constância permanente
do teu amor incondicional.
Tudo de ti vem, em ti nasce afinal.
És tudo em todos
numa dimensão desigual
Manuela Barroso, in “Laços”-Dueto- Versbrava Editora
8 comentários:
Olá, querida amiga Manuela!
"na constância permanente
do teu amor incondicional."
Todas as mães deveriam ter um amor incondicional... no entanto, nem sempre ocorre e muitos órfãos em vida padecem até o fim pela ausência
Enfim, seu poema é um bálsamo refrescante em nosso coração.
Tenha um Domingo especial!
Beijinhos
Maravilhosa tua poesia, Manuela! Parabéns pra ti e todas mamães de Portugal em seu dia! beijos, chica
Chorei ao ler este teu poema. Saio em silêncio.
Um grande beijo, minha querida Amiga Manuela.
Buona domenica.
Muito belo, sentido e expressivo.
Já o publiquei no 'A Vivenciar'...
Um dia muito feliz. Beijinho.
~~~
Poema de sublime beleza como só o sentimento filial poderia desencadear.
Belo texto!
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes
Profundamente belo e tocante poema, Manuela... e que muito me emocionou!
Para ler e reler... e sentir cada palavra!
Estimo que se encontre de saúde, assim como todos os seus, Manuela!
A minha mãe... tem sido mesmo a razão da minha ausência, aqui pelo mundo dos blogues... um problema nas pernas, que deu que fazer nos últimos meses, com uma fase de tratamentos quase diários para o quadro não se complicar, e evitar recorrer a meio hospitalar: dermatite atópica nas pernas conjugada com má circulação crónica. Felizmente o problema está mais controlado, mas ainda não totalmente ultrapassado, tendo de fazer alguns exames agora em Setembro...
Mas lá vamos andando um dia de cada vez... agora numa fase mais leve, pelo menos...
Como sempre... um gosto imenso, em mergulhar na sua sensibilidade poética, por aqui!
Um beijinho grande e votos de boas férias, se for o caso!
Continuação de um excelente Agosto!
Ana
Beijinhos!... Creio não ter incluído a tempo, no comentário que deixei...
Ana
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