sem outra
que não partiu
…ruiu.
FOTOGRAFIAS QUE FALAM... PENSAMENTOS REFLECTIDOS...
![]() |
Explode mês de Maio! E como te chamas, flor? |
Manuela Barroso ( reeditado)
Abril de Abril
Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.
Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.
Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.
Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.
Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.
Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas.
Manuel Alegre
do livro "Atlântico" 1981
Abril de Sim Abril de Não
Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.
Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vir
e como tudo o mais contradição.
Vi o Abril que ganha e Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.
Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer.
Manuel Alegre
30 Anos de Poesia
Publicações Dom Quixote
Jorge de Sena
(1919-1978)
FLOR SILVESTRE
Desejaste um campo de poemas
na flor da noite.
Acompanham-te sombras de ardósias
e açúcares de lua.
No abismo do sono, colhes rosas negras
na alegria da noite
e na sonolência dos astros dormes
o abandono do teu corpo.
Descobres um veleiro em viagens submersas
e rumas ao sul de todas as poeiras
para encontrares o poema da vida
mesmo nas correntes mais adversas.
manuela barroso, "Luminescências"
![]() |
cerejeiras em flor |
Manuela Barroso, "Luminescências"
Eis retratos de Vida...
...Flores que teimam nascer, crescer no meio do pântano.
O odor nauseabundo e putrefacto de água contaminada vinda do mais recatado e esconso canto não as amedronta...
...E florescem num desafio ao belo e ao horrível...
...E a cor desafia as borbulhas enquistadas que se soltam do ventre das águas...
...E o encanto permanece lá, no amarelo... e a flor é igual a ela própria: Linda!
Não perdeu, nem brilho, nem encanto, nem cor, nem admiração!
Tornou-se mais ela, mais flor...
E...Flores e... as flores teimam em florir nos charcos podres, numa espécie de purificação.
Vida ou morte...desejo ou ambição...guerra ou paz...
Olhasse a Humanidade para os lírios dos charcos e vissem neles o antagonismo entre a graça e os desgraçados , a beleza e a presa.
Ah! maravilhoso e enigmático mundo este!..