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sábado, 19 de setembro de 2020

Como as Gaivotas


Dos confins do oceano, algo de inquietante perturbava o sonho do voo aquietado pela brandura da tarde que ia caindo.
-Somos as gaivotas assustadas procurando paz nos labirintos ...


...e partimos  em debandada procurando, na espuma dos dias,  a possível  saciedade do nosso bem-estar , algures, onde mar e sol sejam o berço que nos acolhe.


 ...Mas o instinto obriga a sobrevoar o rasto das migalhas de todos trazendo com ele a luta pela defesa do que julgamos que só a nos pertence...


Mas eis que a fraqueza de uns, é a sorte de outros. 
Partimos de novo na busca do sonho certos de que a união faz a força.


Porém, sempre há um  indeciso que  fica em terra , com medo da luta e da derrota...


...esperando as sobras trazidas pelas marés despidas de algas e sargaço clandestinos.


As que ficam, preferem a segurança da pátria do seu mar , a uma  rota sem destino.



Mas num golpe de asa,  um silvo as acorda.
 E, num último adeus, eis a debandada , rumo às águas azuis, algures numa ilha longínqua, onde há  mel para aves e
 insectos  e fel para o Homem na cobiça e ganância do ouro.
Eles fazem parte da dança do Planeta. 
O Homem reina com a insistência mortífera de esventrar  o seio da Terra.



Manuela Barroso 
(Fotografias minhas)