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sábado, 3 de outubro de 2015
E nós?
Cabeça amolgada em remendos de solidão.
Nas janelas da alma , cortinas sepultando o verde da esperança, sombras longínquas num longo vazio, num inatingível tão perto de ser presente. Pese o azul do horizonte à espera de novos prelúdios, a imagem permanece proibida nos olhos opacos, vendados em limbos no cárcere de peitos adormecidos. Sem uma sombra que seja, que engane a solidão.
De costas, para além de outras montanhas, a cidade grita e corre e rejubila e entoa canções de solidariedade perante os olhos opacos.
Como se não ouvissem.
Como se não sentissem o calor frio das palavras também elas, embaciadas.
A garganta-se levanta-se à procura do grito. Em vão. Ele afoga-se na confusão da multidão entontecida, embriagada de palavras coloridas.
E os lábios emudecem na berma das ruas porque não lhe dão voz.
Num último gesto, as mãos levantam-se, avivando a sua presença no clamor dos que não têm voz. São mãos quase disformes, flores que se erguem num grito mudo, reclamando igualdades.
...e permanecerão erguidas até que outras se moldem na fraternidade de um abraço.
Manuela Barroso, "Divagando"
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12 comentários:
Manuela,
Nunca como agora se sentiu a falta do calor dum abraço.
Um beijinho :)
Belos, texto e imagem.
E como há o que clamar, gritar, pedir e esperar! Lindo te ler e linda foto! bjs, chica
Olá, querida Manuela
Da solidão remendada saem lindos contos, escritos e prosas poéticas fabulosas...
Bjm fraterno
Um texto incrível, Manuela. "Num último gesto, as mãos levantam-se, avivando a sua presença no clamor dos que não têm voz". Voz essa que lhes dás com as tuas palavras feitas mãos carinhosas.
Um beijo.
E os meus lábios realmente emudecem... perante a beleza e a qualidade dos seus textos, Manuela... os adjectivos ficam demasiado aquém dos mesmos...
Um post extraordinário, em imagem e palavras... Adorei!
Beijinhos! Boa semana!
Ana
Um texto incrivelmente belo, numa magistral interpretação das esculturas, cujo autor gostaria de ler, por certo.
Parabéns por mais esta excelente peça literária.
Manuela, querida amiga, desejo-lhe a continuação de uma boa semana.
Abraço.
É tudo tão breve
Habitamos as pedras
Inventamos sonhos
Vislumbramos quimeras
Mas, falemos dos suspiros dos pássaros
Falemos de ti
Nas irreprimíveis asas dos anjos
Na noite primeira dos mil encantos
Um radioso fim de semana
Doce beijo
As esculturas buscam o mesmo que as palavras transmitem.
Era preciso o encontro.
Muito bom.
Bj.
Bom fim de semana.
Irene Alves
Manuela,
Foi como interpretar as escultura e ao mesmo tempo o que vivemos.
Fiquei então pensando um pouco...
Sinto que há mais solidão, as pessoas nem sabem explicar o por que, mas acabam preferindo. Acho que muitas sofreram decepçoes e se recolhem. Então, o que ensinaremos aos mais novos sobre o amor e a familia?
Bjs
Infelizmente o mundo está cheio de flores que se erguem...
Reclamando um grito mudo...
Belas as suas palavras e imagem;
Boa tarde Manuela,
Muito obrigada pela sua visita!
Achei lindíssimo o seu texto poético assim como a foto!
Que a voz e os gestos não se cansem de clamar o tão desejado abraço na fraternidade.
Um beijinho e bom domingo.
Ailime
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