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domingo, 25 de novembro de 2018

Aquieto-me


Aquieto-me nos braços da vida
Colhendo saudades.
O rio vai correndo, manso calmo,
Alheio a tempestades...

Navego com o vento
No voo das aves
Nas asas do pensamento.

Solto as amarras
Seguro os remos da liberdade
Aporto nas margens floridas
Tufadas de verde,
Mantas coloridas!

Cheiro a água, cheiro o ar
Cheiro os montes e cheiro os vales
Tenho fome de respirar!

Balouço-me nas águas
Nas pregas da ondulação.
Não quero ouvir ruído
Preciso de solidão!

Quero perder-me no além,
No horizonte em que me fito.
Vai navegando, meu barco!
Tenho fome de Infinito!

Manuela Barroso, "Inquietudes"- Edium Editores


segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Sorte



Ah,  
ser árvore flor
dormir ao sol,
torpor!
Ah,
sorte, ser uma pedra
ter  só que escolher a cor
do amor!
Ah,
sorte, ser gota de água
rebolar-se no paul
do céu
azul!
Ah,
sorte, ser gavião
pisar alto o ar
e o mar!
Ah,
sorte, ser um cristal
vestindo tanta pureza
e beleza!
Ah,
sorte, mil vezes a areia
partida em mil pedaços
ninguém a enreda na vida...
Na teia!    

Manuela Barroso,  in "Inquietudes"- Edium Editores                            



sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Que caminhos



Que caminhos são estes que se abrem

Dentro de mim sem sentir?
Que forças me arrancam do peito
Esta fome de partir?
Para onde vou?
Donde venho?
E onde pretendo chegar?
E esta luta constante
De procurar e buscar?
Porque não cais, coração,
Dentro de tão pequeno peito?
Porque saltas sem parar?
Não!
Para tal foste eleito!

Abranda a correria
Vais a tempo de chegar
Embora o tempo te fuja
Não corras! Vai devagar!
Olha que a vida é amor
Ternura, contentamento
Dá-me a mão, quero o calor!
Dá-me a paz deste momento!


Manuela Barroso, In "Inquietudes"-Edium Editores

                                                                             






sábado, 21 de julho de 2018

Não durmas


 Garmash



Não durmas,
Vê este silêncio que repousa aqui...
Não vás,
Sente esta largura que foge de ti!
Não penses,
Sente a quietude do momento,
Abandona suavemente o pensamento...
Não fujas,
Fica na paz da tua casa
Momento de ave sem asa.
Não corras,
Saboreia o doce do vento
Adormece em ti!
Não grites,
Abençoa a palavra que soltas
Dilui-a na brisa que passa...


Flui...
Simplesmente flui...
És o rio
És a vida
És o lago
És o azul
És o Infinito
Que te possui!

Manuela Barroso



As minhas desculpas pela ausência por motivos de saúde.
Gratidão pela vossa presença!
E " Simplesmente flui..."



terça-feira, 8 de maio de 2018

Repousando

 Rio Minho


É uma luz calma que vai espreitando a terra.
Um vento leste, triste e manso, carrega com ele o ar cansado do verão quente.
Tudo estiola.
O orvalho é bebido pela vida que o rodeia...
...e as folhas ficam encarquilhadas, numa contorção angustiante de sede, de sombra.
Solo ressequido e poeirento nas bermas asfaltadas das estradas.
O caminho alonga-se na medida inversa dos raios solares.
Uma pedra lavrada de musgo seco, lembra que já foi palco de vida...
...fim de estrada, fim de pó.
Nasce um córrego que foge deste talco, descendo uma delicada ravina...
...e a sombra arrasta o verde...
Cheira a água e acontece a profusão de cores, nas flores penduradas, nas ribadas.
Os meus pés soletram as lajes uma a uma, escorregadias, como granito macio, roído pelo tempo.
Os ouvidos questionam um sussurro.
A água vai rebentando das rochas num regato maroto, bordado de flores azuis! São miosótis!
Acompanho este correr cantante da água...
...meia poça, meio lago, num aconchego de margens feitas em açude, árvores inclinadas, numa saudação à Natureza...
...e mais vida acontece com a água plantada no verde das plantas aquáticas subindo...subindo à procura de luz, nas flores, nos ninhos dos rouxinóis presos na sombra do berço de folhas, nas libelinhas e no coaxar das rãs...
E todos os meus sentidos ficaram presos nesta presa  e na quietude onde tudo aconteceu espontaneamente, exceto eu...
E o arrepio do vento era agora a brisa morna que acalmava ainda mais a pele das águas que tremiam só com o esvoaçar das libelinhas, neste espelho onde até o céu se mirava...
O tempo morria, porque nele me perdi...numa imensa meditação...
...e permaneci assim presa, nesta encantadora prisão...


Manuela Barroso

(reeditado)

sábado, 24 de março de 2018

Lua

Imagens minhas

Que sentinelas te guardam do alcance dos Homens?
Que segredos teimas guardar?
Com a curiosidade da imaginação posso imaginar-te.
Mas só com as asas dos olhos, posso ao longe, te olhar.

Manuela Barroso

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Pegadas



Procurarás o fim último do teu dia, numa peregrinação incansável até atingires o reflexo  da paz.
    Deixa as pegadas para saber novas de ti.

MBarroso