Não colhas essa flor do teu jardim:
Da sua graça é tal a brevidade,Que quando a colhes me parece a mim,
Alguém morrendo em plena mocidade.
Se a beleza é a ânsia que te invade,
Semeia e faz o bem! Fazendo assim,Tu farás um jardim da humanidade,
Onde jamais as flores têm fim.
Verás então que as flores mais formosas
Não são as que se colhem com a palma
Da mão que enfeita jarras donairosas:
Mas aquelas que tu, à chuva, à calma,
Semeies (as mãos cheias, dadivosas),
Na terra em que pisar a tua alma!
Florentino Alvim Barroso, "Vento e Ventanias"-Sonetos