Os dias vão encurtando, apertando a luz.
Tudo vai fluindo para de repente bater num muro de interrogações e aparente indiferença.
Surge uma molécula algures, sem data de nascimento nem progenitor.
Céus, Homem e Natureza interpenetram-se, envolvendo-se com a Criação num ninho de bem-estar e encanto. Mas nada o detém na busca e pilhagem proibida na Casa que é de todos.
Mas cada um na sua Casa.
Eis que se solta o grito estridentemente mudo de uma "coisa" que se não se alcança.
Aparece e fica.
Aparece e mata.
E vem em ondas leves, mortíferas.
E pousa suavemente.
Tudo parece estranho.
O sol vigia por entre os arrepios das nuvens na angústia do sofrimento que adivinha.
E o Homem não vê...
...E o tempo passa.
Estreita-se o caminho para o pesadelo e ele espreita agora entre as cores carregadas de um poente sombrio numa advertência sinistra...
E o Homem não vê.
Tudo se comunica.
Somos o continuum espácio-temporal, peregrinos e viajantes.
Talvez por isso, as marés e o oceano romperam a sua calma e em uníssono bateram no muro indefeso da areia em redemoinhos de espasmo.
Longe, o sol preparava-se para se esconder atrás das Bermudas, devolvendo ainda a mágica beleza de cada poente.
Escondia-se, perguntando-se porém, nos milénios da sua idade até quando a Humanidade deixaria de ser, tanto imatura como irresponsável.
Os Homens não acordaram da sua letargia, esquecendo que tudo é movimento, que o planeta é o jardim onde plantamos os olhos, o bosque onde descansamos o espírito, o vale onde dormem os prados.
Os Homens confiaram em toda a tecnologia que ainda não lhes devolve todo o Poder .
Mas os pássaros recolheram -se nos seus refúgios distantes, em ramos pensativos, numa antecipada visão.
O Homem, não.
Texto e Fotografias de
Manuela Barroso