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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Convento de Alpendurada

Conventos transformados em hotéis de charme, onde podemos revisitar o passado na austeridade do seu granito, na sua beleza arquitectónica, no silêncio dos seus jardins, na longevidade das suas árvores.
Se bem que pareça distante o seu olhar interior, algo nos apaixona nos seus adereços.
Tempo de paragem, para muitos, em mais um verão -tempo de ócio e de descanso- mas propício ao devaneio e férias.
Assim, um convite, um desafio, uma sugestão para uma viagem até este lindo Convento onde também  podemos repousar.
 









  

 







domingo, 2 de julho de 2017

Tardes Mansas

 "Paisagens Naturais" de Helena Chiarello

Os dias quentes de verão eram o repouso imposto aos corpos exaustos, castigados pelo trabalho árduo do campo.
A sombra das laranjeiras casava-se com a folhagem oferecida da ramada, donde pendiam agora os cachos negros de verdelho e retinto e que serviam de suporte a ninhos de cerezinas que espreitavam curiosas os estranhos vultos humanos...
...Mas as tardes tinham outro encanto!
O tempo ia correndo preguiçoso entre o rio e um livro à sombra da laranjeira pingando flores intensamente brancas, intensamente perfumadas...
...e deixava  o "amor" adormecido no meio  do romance e fazia-me ao rio com um pequeno e rudimentar apetrecho de pesca...
Tardes de pura quietude!
 Deixava-me absorver pela  mansidão das águas e dos pequenos peixes em recreio, que brincavam com as libelinhas que sobrevoavam a capa das águas  que também  dormiam e onde eu me espelhava juntamente com os choupos  que emolduravam o meu corpo.
Era um cheiro a frescura, a água lavada, misturado com o lodo verde onde serpenteavam enguias e trutas esguias...
...e lançava o meu isco...e sorria...
...Os peixes, numa desconfiança atrevida, apareciam parcimoniosamente picando o anzol, com um "não te quero" ..."mas volto"...
...e davam meia volta como num bailado sem vénias!
... E... nada!
Mas era gostosamente doce e relaxante, sentir o vai-e-vem, o sossego que os barbos e bogas me transmitiam...
...e eu não queria o peixe...eu queria o prazer da tranquilidade das águas sobrevoadas pelas libelinhas , e que se agitavam em tremura, juntamente com o voo rasante das andorinhas...
...E neste relaxamento induzido pelo coaxar das rãs e o borbulhar das águas transparentes nos seixos, onde o céu azul mergulhava, transportava-me para o meu lugar seguro, onde não tinha necessidade
de defesas nem de escudos...
...Era eu própria!
Deixava-me embalar nesta onda de paz...
...olhava o Universo...
...e sentia-me à porta de minha Casa!
Corria uma maré frisante que arrepiou os meus cabelos acordando-me do torpor de pensamentos.
Mergulhei na água cristalina que me acordou...
...as folhas dos choupos dançavam dizendo adeus...
...e enfeitei os meus olhos com espelhos de água e libelinhas num entremeio de renda por onde os raios de sol penetravam...
... bordando este lençol  que cobre ainda o meu berço de menina!


Manuela Barroso
( reeditado)