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sábado, 7 de novembro de 2015

Quem sou eu...

 Imagem da Net


Quem sou eu, donde vim, para onde vou?
Serei quem sinto ser-me, quando sinto?
Ou eu serei, apenas, esse absinto,
Que, outro bebeu e, a mim, me embriagou?

 Como a loucura, transtornado estou,
Confuso e torvo como um labirinto.
Ao pressentir, porque me pressinto,
Eu não sei se sou eu, ou se não sou.
 
De que consiste a minha realidade?
Um fantasma, que surge e me intimida,
Como a mentira em face da verdade?
 
Página à toa lida e decorada,
Com palavras vãs se explica a Vida,
Se, a ignorância, não explica nada?



Florentino Alvim Barroso, in "Vento e Ventanias", Edium Editores- 2012
( Tio)

   

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Ampulheta


 Imagem da net
Nesta ampulheta da vida que corre
neste som do silêncio que magoa
nesta cor azul que acalma
neste piar dos pássaros
            que ecoa

corre o tempo
atrás do futuro
numa incerteza
que morre      
lenta
no escuro.
                       
Manuela Barroso,”Inquietudes” Edium Editores





sábado, 3 de outubro de 2015

E nós?


Cabeça amolgada em remendos de solidão.
Nas janelas da alma , cortinas sepultando o verde da esperança, sombras longínquas num longo vazio, num inatingível tão perto de ser presente. Pese o azul do  horizonte à espera de novos prelúdios, a imagem permanece proibida nos olhos opacos, vendados em limbos  no cárcere de peitos adormecidos. Sem uma sombra que seja, que engane a solidão.

De costas, para além de outras montanhas, a cidade grita e corre e rejubila e entoa canções de solidariedade perante os olhos opacos.
Como se não ouvissem.
Como se não sentissem o calor frio das palavras também elas, embaciadas.

A garganta-se levanta-se à procura  do grito. Em vão. Ele afoga-se na confusão da multidão entontecida, embriagada de palavras coloridas.

E os lábios emudecem na berma das ruas porque não lhe dão voz.
Num último gesto, as mãos levantam-se, avivando a  sua presença no clamor dos que não têm voz. São mãos quase disformes, flores que se erguem num grito mudo, reclamando igualdades.
...e permanecerão erguidas até que outras se moldem na fraternidade de um  abraço.


Manuela Barroso, "Divagando"


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Mensagem



Bendito  seja o chão que agasalha o meu sono
e apascenta o meu rebanho. bendita  seja a Pátria
que me traz a quietude e  apascenta a minha
paz. benditos todos os que por bem vierem
a esta abençoada  terra onde ainda há pão,
se diz não à guerra.

 
e quando eu já não puder, levem minhas ovelhas
que são meu sustento
 para urze da serra.
           Manuela Barroso
 

sábado, 29 de agosto de 2015

Fronteiras




Como César, ao pé do Rubicão,
“ Álea jacta est ”, eis - me, na Espanha,
Nesta, desoladora, condição,
De ovelha, tresmalhada, na montanha.

A Terra é sempre a mesma, mesmo estranha.
Do sentimento, a pátria é invenção:
Na geografia, só se lavra e amanha
a terra, que se traz, no coração.

Eu odeio civismos imbecis:
Nascer, grego ou romano, que tem isso?
Nasce, num charco, a larva e é feliz.

Fronteiras!... A ambição foi o feitiço.
A Terra é, toda ela, um só país,
E, sinto-me, feliz, ao saber disso!



Florentino Alvim Barroso, in “Vento e Ventanias”,  Edium Editora-2012


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Participação da Festa do Blog da Rosélia


A convite da amiga Rosélia, a minha participação da Festa de seu Blog.
 http://www.idade-espiritual.com.br/

Não, não foi preciso dissertar sobre o tema. Ele foi , é bem real. E aconteceu no passado mês de Junho, tendo sido postado no meu blog anjoazul em 5/6/15 e que aqui reedito.
E afirmo: a confiança virtual existe!
Obrigada Eloah!
Obrigada , Rosélia!





"Cada dia que nasce renova-se com novas tonalidades.
Assim é com a claridade de hoje!

E não é pelo "escrito" que vem a seguir, nem pelo prémio, nem tão pouco  pela divulgação.
Mil vezs Não!
Mas sim, porque a nossa Eloah do blog http://alemdosfragmentos24x7.blogspot.pt/, querida amiga de há tantos anos e cuja amizade cresceu através dos nossos blogs , vai aterrar no aeroporto Sá Carneiro para nos conhecermos pessolamente, dentro de poucos dias.
É assim, uma forma simples  de lhe prestar a minha homenagem, já que este prémio foi obtido no Grupo Poético a que pertence.

E se , meus amigos/as, por vezes nos debatemos com a solidão, a fome de amizade no mundo, as incógnitas da internet ( e quantas!) , amizade virtual  (fictícia),  eis o testemunho da minha verdade: tenho encontrado amigos/as fabulosos/as.
Sendo eu  transparente  por natureza, tenho recebido os mais puros e cristalinos  reflexos nas amizades, verdadeiros diamantes que aqui tenho encontrado.
Aqui não são os "likes" que nos preenchem.
Aqui, há um desfolhar de alma que nos leva e nos deixamos ser levados pelo mesmo estado e alma.
Pelo coração.
Daí o conhecermo-nos mais , porque mais nos expomos.

Obrigada, minha querida amiga Eloah pela tua visita.
A tua sobriedade espelha-se  na belíssima poesia calma e doce que escreves  e que é o reflexo de ti.
Mas não pensei nunca que os nossos comentários fossem o preâmbulo de uma grande amizade  em que a distância e o espaço,  não têm voz.

Implícita fica a minha gratidão e  amizade a todos/as os que me  presenteiam com a vossa presença e palavras tão amáveis!
A todos muito estimo.

Beijinho!"

Manuela Barroso


( em 5 de junho 2015)

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Amar


Imaginação fértil!
Talvez...
... ou talvez a busca constante de auscultar o que está para além de nós.
E o que chamamos inerte, é feito  das mesmas partículas, os mesmos átomos  de que somos parte e que pensaram em nós desde o  tempo que ultrapassa o nosso  entendimento .
A perfeição de tudo o que existe é demasiado complexa para que o Belo seja um acaso. Talvez o acaso da Incompletude no mistério que nos passa despercebido na própria Natureza!

E "vi"  aproximei-me , "confirmei" e sorri!
Dois "seres inanimados", num gesto de ternura, alheios ao mundo pequeno que se degladia.
Um mais "frágil" com um rendilhado de flores, lembrando a pretensa debilidade feminina.
O outro, mais amplo no seu "corpo" protetor, não vacilará,  como a  rocha-irmã onde se encosta.

E não se preocupam com o amanhã.
A casa é o  infinito no azul do horizonte, no jardim de flores brancas escorrendo pelas escarpas.
O amanhã é o hoje, na alegria com aque vemos o dia!



Pausa...
...para escutar o que se esconde por detrás do véu...

Boas Férias para todos/as


    Manuela Barroso


sábado, 25 de julho de 2015

Sentinela...


Os mistérios escondem-se aos olhos que olham, não aos olhos que teimam ver. Acomodamo-nos às pedras toscas, sem formas, sem mensagem.
O Homem ainda não esculpiu o seu pensamento com o cinzel do seu olhar.
Caminhamos indiferentes ao que é" invisível aos olhos" na pressa incontida de inaugurar as exposições da criatividade humana. E tudo se torna normal, correto, num evento social com pupilas que se retraem a cada flash, a cada  gesto de exaltação física de admiração.
E o Homem, naturalmente, cresce com o fruto da sua concentração agora  visivelmente concreta , física, "palpável".
...e passamos e olhamos...
...e não vemos.

Os passos ficam escritos no solo, deixando as memórias impressas na areia que em breve os apagará. Mas não as memórias encondidas em cada pegada .Essas continuarão...
Em contra-luz, como que se esquivando à beleza do painel que preenche a tela, em algodões  de óleo macio, nos tons quentes da quietude de fim de tarde, uma rocha aparentemente disforme.
Olho. Volto a olhar e tento ver, decifrar...
...E  indiferente ao bater das ondas, guardando, o céu e areal, li um fiel amigo, cabeça erecta, patas bem assentes nos rabiscos da areia,  vendo o resto dos homens a correr, a passear, estendendo o seu olhar atento, entre o sol longo e o mar.
Que disse que o "essencial é invisível as olhos"?
E há tanto para admirar!

Manuela Barroso, "Divagando"


sábado, 18 de julho de 2015

Tanto



Tanta noite, tanta lua
tanto encanto
tanto sonho adormecido.


                                                                                    Manuela Barroso