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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Que caminhos



Que caminhos são estes que se abrem

Dentro de mim sem sentir?
Que forças me arrancam do peito
Esta fome de partir?
Para onde vou?
Donde venho?
E onde pretendo chegar?
E esta luta constante
De procurar e buscar?
Porque não cais, coração,
Dentro de tão pequeno peito?
Porque saltas sem parar?
Não!
Para tal foste eleito!

Abranda a correria
Vais a tempo de chegar
Embora o tempo te fuja
Não corras! Vai devagar!
Olha que a vida é amor
Ternura, contentamento
Dá-me a mão, quero o calor!
Dá-me a paz deste momento!


Manuela Barroso, In "Inquietudes"-Edium Editores

                                                                             






sábado, 21 de julho de 2018

Não durmas


 Garmash



Não durmas,
Vê este silêncio que repousa aqui...
Não vás,
Sente esta largura que foge de ti!
Não penses,
Sente a quietude do momento,
Abandona suavemente o pensamento...
Não fujas,
Fica na paz da tua casa
Momento de ave sem asa.
Não corras,
Saboreia o doce do vento
Adormece em ti!
Não grites,
Abençoa a palavra que soltas
Dilui-a na brisa que passa...


Flui...
Simplesmente flui...
És o rio
És a vida
És o lago
És o azul
És o Infinito
Que te possui!

Manuela Barroso



As minhas desculpas pela ausência por motivos de saúde.
Gratidão pela vossa presença!
E " Simplesmente flui..."



terça-feira, 8 de maio de 2018

Repousando

 Rio Minho


É uma luz calma que vai espreitando a terra.
Um vento leste, triste e manso, carrega com ele o ar cansado do verão quente.
Tudo estiola.
O orvalho é bebido pela vida que o rodeia...
...e as folhas ficam encarquilhadas, numa contorção angustiante de sede, de sombra.
Solo ressequido e poeirento nas bermas asfaltadas das estradas.
O caminho alonga-se na medida inversa dos raios solares.
Uma pedra lavrada de musgo seco, lembra que já foi palco de vida...
...fim de estrada, fim de pó.
Nasce um córrego que foge deste talco, descendo uma delicada ravina...
...e a sombra arrasta o verde...
Cheira a água e acontece a profusão de cores, nas flores penduradas, nas ribadas.
Os meus pés soletram as lajes uma a uma, escorregadias, como granito macio, roído pelo tempo.
Os ouvidos questionam um sussurro.
A água vai rebentando das rochas num regato maroto, bordado de flores azuis! São miosótis!
Acompanho este correr cantante da água...
...meia poça, meio lago, num aconchego de margens feitas em açude, árvores inclinadas, numa saudação à Natureza...
...e mais vida acontece com a água plantada no verde das plantas aquáticas subindo...subindo à procura de luz, nas flores, nos ninhos dos rouxinóis presos na sombra do berço de folhas, nas libelinhas e no coaxar das rãs...
E todos os meus sentidos ficaram presos nesta presa  e na quietude onde tudo aconteceu espontaneamente, exceto eu...
E o arrepio do vento era agora a brisa morna que acalmava ainda mais a pele das águas que tremiam só com o esvoaçar das libelinhas, neste espelho onde até o céu se mirava...
O tempo morria, porque nele me perdi...numa imensa meditação...
...e permaneci assim presa, nesta encantadora prisão...


Manuela Barroso

(reeditado)

sábado, 24 de março de 2018

Lua

Imagens minhas

Que sentinelas te guardam do alcance dos Homens?
Que segredos teimas guardar?
Com a curiosidade da imaginação posso imaginar-te.
Mas só com as asas dos olhos, posso ao longe, te olhar.

Manuela Barroso

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Pegadas



Procurarás o fim último do teu dia, numa peregrinação incansável até atingires o reflexo  da paz.
    Deixa as pegadas para saber novas de ti.

MBarroso

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Feliz Ano Novo




Que o Ano de 2018 ,  vos traga as maiores Bênçãos,
 as maiores Felicidades.

Abraço

Manuela Barroso  







Manuela Barroso
Imagens: net

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Vem


Vem poisar comigo os olhos no sol pôr.
Abraça-me as mãos e lê nas linhas as
palavras que não digo.
Sente a ternura do corpo que foge de 
encontrar a tua pele.
Aperta-me no mar do teu abraço,
confunde-me nos segredos do teu amor e
parte,
antes que se parta o nosso laço!


Manuela Barroso
Foto pessoal


quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Pousada Rainha Santa Isabel

Mais uma pousada para retemperar corpo e alma.
Longe, onde o azul celebra a luz e as torres beijam os céus, o encanto do passado em memórias futuras.
Aqui, as horas apagam-se quando se respira o silêncio escondido nas paredes espessas dos quartos bordados de branco, no aconchego das boas-vindas com doces conventuais, enquanto a Rainha Sta Isabel se passeia na simplicidade austera dos corredores.
Nunca o longe soube a tão perto!





Manuela Barroso

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Convento de Alpendurada

Conventos transformados em hotéis de charme, onde podemos revisitar o passado na austeridade do seu granito, na sua beleza arquitectónica, no silêncio dos seus jardins, na longevidade das suas árvores.
Se bem que pareça distante o seu olhar interior, algo nos apaixona nos seus adereços.
Tempo de paragem, para muitos, em mais um verão -tempo de ócio e de descanso- mas propício ao devaneio e férias.
Assim, um convite, um desafio, uma sugestão para uma viagem até este lindo Convento onde também  podemos repousar.
 









  

 







domingo, 2 de julho de 2017

Tardes Mansas

 "Paisagens Naturais" de Helena Chiarello

Os dias quentes de verão eram o repouso imposto aos corpos exaustos, castigados pelo trabalho árduo do campo.
A sombra das laranjeiras casava-se com a folhagem oferecida da ramada, donde pendiam agora os cachos negros de verdelho e retinto e que serviam de suporte a ninhos de cerezinas que espreitavam curiosas os estranhos vultos humanos...
...Mas as tardes tinham outro encanto!
O tempo ia correndo preguiçoso entre o rio e um livro à sombra da laranjeira pingando flores intensamente brancas, intensamente perfumadas...
...e deixava  o "amor" adormecido no meio  do romance e fazia-me ao rio com um pequeno e rudimentar apetrecho de pesca...
Tardes de pura quietude!
 Deixava-me absorver pela  mansidão das águas e dos pequenos peixes em recreio, que brincavam com as libelinhas que sobrevoavam a capa das águas  que também  dormiam e onde eu me espelhava juntamente com os choupos  que emolduravam o meu corpo.
Era um cheiro a frescura, a água lavada, misturado com o lodo verde onde serpenteavam enguias e trutas esguias...
...e lançava o meu isco...e sorria...
...Os peixes, numa desconfiança atrevida, apareciam parcimoniosamente picando o anzol, com um "não te quero" ..."mas volto"...
...e davam meia volta como num bailado sem vénias!
... E... nada!
Mas era gostosamente doce e relaxante, sentir o vai-e-vem, o sossego que os barbos e bogas me transmitiam...
...e eu não queria o peixe...eu queria o prazer da tranquilidade das águas sobrevoadas pelas libelinhas , e que se agitavam em tremura, juntamente com o voo rasante das andorinhas...
...E neste relaxamento induzido pelo coaxar das rãs e o borbulhar das águas transparentes nos seixos, onde o céu azul mergulhava, transportava-me para o meu lugar seguro, onde não tinha necessidade
de defesas nem de escudos...
...Era eu própria!
Deixava-me embalar nesta onda de paz...
...olhava o Universo...
...e sentia-me à porta de minha Casa!
Corria uma maré frisante que arrepiou os meus cabelos acordando-me do torpor de pensamentos.
Mergulhei na água cristalina que me acordou...
...as folhas dos choupos dançavam dizendo adeus...
...e enfeitei os meus olhos com espelhos de água e libelinhas num entremeio de renda por onde os raios de sol penetravam...
... bordando este lençol  que cobre ainda o meu berço de menina!


Manuela Barroso
( reeditado)