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segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

A noite é o meu livro



A noite é o meu livro
Onde escrevo a alma
Em páginas de fantasia.
As letras são gotas de luz
Candelabro do meu peito
Cristal transparente
De que é feito.

Manuela Barroso










segunda-feira, 17 de junho de 2019

Apresentação de "Luminescêncas"



JUN29
34º Aniversário do Museu da Fundação
Público





A Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro convidam-no para a comemoração do 34º Aniversário do Museu da Fundação, a decorrer no dia 29 de Junho de 2019, com o seguinte programa:

15:00 | Recepção e inauguração de exposições:
António De Matos Ferreira | Para além do infinito | Exposição retrospectiva | Pintura
Margarida Santos | Plural e Singular - 10 Chaves para perpetuar a essência da Natureza | Pintura e escultura em bronze

15:45 | Apresentação do Livro de Arte "Do Barro ao Bronze assim nasce uma escultura" de
Margarida Santos

16:00 | “Luminescências”, Poesia de
Manuela Barroso pela voz de Aurora Gaia, Libânia Madureira e Carlos Revez (como introito à exposição de António De Matos Ferreira)

17:00 | Concerto por
Bernardo Santos

17:45 | Bairrada de Honra

Entrada gratuita



Sintam-se todos Convidados, queridos amigos desta" casa"
O meu abraço!

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Foi ontem


Foi ontem ainda que o tempo não morria
na estrada da minha pele
Os olhos atravessavam as pedras nas micas incandescentes
de agosto
E as rosas...
Ah, as minhas rosas!
Choravam as pingas de sulfato das latadas em flor!
E eu corria menina nos canteiros
com margaridas sorrindo pelo meio!
Que bom saltar à corda ,à macaca e às casinhas
não saber ler a lua nem Vénus à noitinha
correr por entre o centeio que arde
no rubro sol na herdade...
Fazer tudo
fazer nada
Somente o lanche da tarde
Ah! morangos pequenos silvestres num creme
de açúcar e Porto na delícia de um recheio
da torta saída do forno e chocolate pelo meio.
E as delícias de amoras colhidas entre os picos
amansados com a língua pintalgada de salpicos?
E o sol ardia na pele e quanto mais ele batia
mais em fogo me fazia na praia do meu jardim
E nos vestidos rosa, de alça, eu mostrava a minha cor
e a graça de andar descalça na relva bordada de flores.
Ah, tardes na minha casa, meu descanso, meus jardins
que eu regava à noitinha com o canto  dos chapins

E põe-se o sol lentamente
ontem , hoje e amanhã
já não como antigamente...
Hoje foge a vida  a correr
fugindo de mim também.
Mas antes também fugia
porém, com outra magia.
Agora...
Ai, agora corro tão calmamente
saboreio cada hora
que quando vejo correr
os olhos gritam...
Pára, fica, demora!

E dói-me a pressa
da pressa dos outros
Dói-me ter que parar
na metade do caminho...
Devagar que tenho pressa
-digo para mim baixinho!
E...
deito o rosto entre as mãos
dobrando os dedos na face...
dói-me o peito ou o coração?
Ah, dói-me antes a carne
porque a alma...
essa, não!


Fevereiro 2013

Manuela Barroso





sábado, 19 de janeiro de 2019

Sou e não sou


 
Sou e não sou...

Estou e não estou mais...
Sempre foi esta loucura!
Corro atrás de tudo e nada
fujo sempre e só de mim.

Nesta correria louca
Neste perfeito nó cego
não quero ouvir já ninguém...
Levanta-se então o meu ego...
E fujo sempre, ainda mais
num corrupio constante
como folha na corrente
flor que morre lentamente
cai sem deixar semente...

E dói-me...
Dói-me tanto este baloiço
que quando me deito e pernoito
sinto-me só e ausente!
E corre a noite vazia
dentro do vazio de mim
e sinto-me tão cheia de tudo
e tudo me parece assim:

Sou a Partícula Divina
Que percorre o Universo
Enorme ou pequenina
Não sei
Serei da poesia...
O verso!

Manuela Barroso, in “ Inquietudes”, Edium Editores

domingo, 6 de janeiro de 2019

Águas Ondulantes



Águas ondulantes do meu pensamento
Envoltas em neve de água fria
Geram tormentos à luz da lua
Tempestades raivosas, tontas de alegria.

Aquecendo-se no seio deste desterro
Sonha o pensamento com tal ternura,
Esvaem-se da memória aqui e agora   
Imagens secretas, sinistras de amargura!

Acalma-te oh alma sedenta de paz!
Desliza lentamente por entre o meu espaço:
Ilumina mansamente este labirinto,
Devolve-me a ternura, sucumbo de cansaço!

Manuela Barroso, “Inquitudes”-Edium Editores

                                                                           






domingo, 25 de novembro de 2018

Aquieto-me


Aquieto-me nos braços da vida
Colhendo saudades.
O rio vai correndo, manso calmo,
Alheio a tempestades...

Navego com o vento
No voo das aves
Nas asas do pensamento.

Solto as amarras
Seguro os remos da liberdade
Aporto nas margens floridas
Tufadas de verde,
Mantas coloridas!

Cheiro a água, cheiro o ar
Cheiro os montes e cheiro os vales
Tenho fome de respirar!

Balouço-me nas águas
Nas pregas da ondulação.
Não quero ouvir ruído
Preciso de solidão!

Quero perder-me no além,
No horizonte em que me fito.
Vai navegando, meu barco!
Tenho fome de Infinito!

Manuela Barroso, "Inquietudes"- Edium Editores


segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Sorte



Ah,  
ser árvore flor
dormir ao sol,
torpor!
Ah,
sorte, ser uma pedra
ter  só que escolher a cor
do amor!
Ah,
sorte, ser gota de água
rebolar-se no paul
do céu
azul!
Ah,
sorte, ser gavião
pisar alto o ar
e o mar!
Ah,
sorte, ser um cristal
vestindo tanta pureza
e beleza!
Ah,
sorte, mil vezes a areia
partida em mil pedaços
ninguém a enreda na vida...
Na teia!    

Manuela Barroso,  in "Inquietudes"- Edium Editores                            



sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Que caminhos



Que caminhos são estes que se abrem

Dentro de mim sem sentir?
Que forças me arrancam do peito
Esta fome de partir?
Para onde vou?
Donde venho?
E onde pretendo chegar?
E esta luta constante
De procurar e buscar?
Porque não cais, coração,
Dentro de tão pequeno peito?
Porque saltas sem parar?
Não!
Para tal foste eleito!

Abranda a correria
Vais a tempo de chegar
Embora o tempo te fuja
Não corras! Vai devagar!
Olha que a vida é amor
Ternura, contentamento
Dá-me a mão, quero o calor!
Dá-me a paz deste momento!


Manuela Barroso, In "Inquietudes"-Edium Editores

                                                                             






sábado, 21 de julho de 2018

Não durmas


 Garmash



Não durmas,
Vê este silêncio que repousa aqui...
Não vás,
Sente esta largura que foge de ti!
Não penses,
Sente a quietude do momento,
Abandona suavemente o pensamento...
Não fujas,
Fica na paz da tua casa
Momento de ave sem asa.
Não corras,
Saboreia o doce do vento
Adormece em ti!
Não grites,
Abençoa a palavra que soltas
Dilui-a na brisa que passa...


Flui...
Simplesmente flui...
És o rio
És a vida
És o lago
És o azul
És o Infinito
Que te possui!

Manuela Barroso



As minhas desculpas pela ausência por motivos de saúde.
Gratidão pela vossa presença!
E " Simplesmente flui..."



terça-feira, 8 de maio de 2018

Repousando

 Rio Minho


É uma luz calma que vai espreitando a terra.
Um vento leste, triste e manso, carrega com ele o ar cansado do verão quente.
Tudo estiola.
O orvalho é bebido pela vida que o rodeia...
...e as folhas ficam encarquilhadas, numa contorção angustiante de sede, de sombra.
Solo ressequido e poeirento nas bermas asfaltadas das estradas.
O caminho alonga-se na medida inversa dos raios solares.
Uma pedra lavrada de musgo seco, lembra que já foi palco de vida...
...fim de estrada, fim de pó.
Nasce um córrego que foge deste talco, descendo uma delicada ravina...
...e a sombra arrasta o verde...
Cheira a água e acontece a profusão de cores, nas flores penduradas, nas ribadas.
Os meus pés soletram as lajes uma a uma, escorregadias, como granito macio, roído pelo tempo.
Os ouvidos questionam um sussurro.
A água vai rebentando das rochas num regato maroto, bordado de flores azuis! São miosótis!
Acompanho este correr cantante da água...
...meia poça, meio lago, num aconchego de margens feitas em açude, árvores inclinadas, numa saudação à Natureza...
...e mais vida acontece com a água plantada no verde das plantas aquáticas subindo...subindo à procura de luz, nas flores, nos ninhos dos rouxinóis presos na sombra do berço de folhas, nas libelinhas e no coaxar das rãs...
E todos os meus sentidos ficaram presos nesta presa  e na quietude onde tudo aconteceu espontaneamente, exceto eu...
E o arrepio do vento era agora a brisa morna que acalmava ainda mais a pele das águas que tremiam só com o esvoaçar das libelinhas, neste espelho onde até o céu se mirava...
O tempo morria, porque nele me perdi...numa imensa meditação...
...e permaneci assim presa, nesta encantadora prisão...


Manuela Barroso

(reeditado)