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domingo, 21 de fevereiro de 2021

Instantes

 

"Benditos os instantes, e os milímetros, e as sombras das pequenas coisas."

                           Fernando Pessoa , "Livro do Desassossego"




Imagens Pessoais

( Serra da Arouca)

sábado, 6 de fevereiro de 2021

O Poente

 

O poente é o sossego do dia, 

o adormecer da noite, quiçá 

feita de sonhos não cumpridos 

As águas suster-nos-ão cada vez mais 

com paciente brandura 

rumo à luz que nos espera 

lentamente 

como quem nasce de novo.

E esperar-nos- á leite e mel 

numa nova terra 

com louras searas

 e fartura. 


manuela barroso

( Texto e imagem)

domingo, 24 de janeiro de 2021

Correntes

 


A água passa em correntes tumultuosas, disformes.
No seu ímpeto, a erva frágil, tenra , deixa-se abater pela força bruta do mais forte.
A Natureza também tem os seus dias de mau humor. É uma espécie de equilíbrio de forças numa descompensação climática cujos efeitos se repercutem no coração da Terra.
Mas, fica às vezes, algo ou alguém, que "sobra" servindo de reflexão...
...e nos vendavais da vida, ficará porventura uma flor, uma mimosa e frágil flor, que resiste
para contar a história...
" Era uma vez...!


Manuela Barroso

(Foto Pessoal)



quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Olhar

 


Olhar longo, longos lagos
Longos braços...abraçar
Desce a noite, tanto mar.

Manuela Barroso, "Poetrixando"- Foto Pessoal



sábado, 12 de dezembro de 2020

Foto-pensando


Submersos pela imaginação vadia, sorvemos o bulício
que nos suspende à moldura da vida,  como corpos
abandonados  à procura de um poente.
 


E
Nada é mais belo que o sibilar das águas,
o silêncio da garça na lucidez da manhã.

                                               

 

Manuela Barroso
Fotos minhas








segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Flores Na Noite

                                                                      Flores na Noite



Não a cor das flores que no mais profundo breu ainda acordam a alegria envergonhada misturada com o negro do céu.



 Não a lua, não o Belo nocturno que mesmo tingindo de negro, coração e alma é o convite à reflexão, serenidade, calma.

Noite. Flores na noite.
Tudo estremece.
A vida dorme.
Os vermes regurgitam da terra na avidez da fome.
Não a cor das flores que no mais profundo breu ainda acordam a alegria envergonhada misturada com o negro do céu.
Tudo foge.
Não a lua, não o Belo nocturno que mesmo tingindo de negro, coração e alma é o convite à reflexão, serenidade, calma.
É tempo de ter tempo demais, no tempo que se faz pouco.
Tudo cai.
Não o silêncio que se esconde colado ao corpo,
na luz leitosa que aos poucos se esvai.
 
 
Manuela Barroso
Fotos Minhas

sábado, 7 de novembro de 2020

Flores-retratos

 
       
  Flores que teimam nascer, crescer no meio do pântano, charcos, lagos.
Não as amedronta o odor nauseabundo e putrefacto de água contaminada vinda do mais recatado e esconso recanto




O encanto permanece lá, no amarelo e lilás e a flor é igual a ela própria na sua purificadora beleza.
Não perdeu, nem brilho, nem encanto, nem cor, nem admiração!
Tornou-se mais ela, mais flor...


E...Flores e... as flores teimam em florir nos charcos podres, na aridez inóspita, numa espécie de purificação!


Eis retratos de Vida.
Flores que teimam nascer, crescer no meio do pântano, charcos, lagos.
Não as amedronta o odor putrefacto de água contaminada vinda do mais recatado e esconso recanto.
Florescem num desafio ao belo e ao incrível!
E a cor desafia as borbulhas enquistadas que se soltam do ventre das águas.
O encanto permanece lá, no amarelo e lilás e a flor é igual a ela própria na sua purificadora beleza.
Não perdeu, nem brilho, nem encanto, nem cor, nem admiração!
Tornou-se mais ela, mais flor...Longe da bajulação.
E...Flores e... as flores teimam em florir nos charcos podres, na aridez inóspita, numa espécie de purificação!
Vida ou morte...
Desejo ou ambição...
Guerra ou paz...
...E o antagonismo permanece no reino vegetal tal como na Humanidade!
Ah! Maravilhoso e enigmático mundo este!..
 
(reeditado)

Manuela Barroso
 

 


domingo, 18 de outubro de 2020

Outono Distante


Os dias vão encurtando, apertando a luz.
 Tudo vai fluindo para de repente bater num muro de interrogações e aparente  indiferença. 
Surge uma molécula algures, sem data de nascimento nem progenitor.


 Céus, Homem e Natureza  interpenetram-se, envolvendo-se com a Criação num ninho de bem-estar e encanto. Mas nada  o detém na busca e pilhagem  proibida na Casa que é de todos. 
Mas cada um na sua Casa.
Eis que se solta o grito estridentemente mudo de uma "coisa"  que se não se alcança. 
Aparece e fica.
Aparece e mata.
E vem em ondas leves, mortíferas.
E pousa suavemente.


 Tudo parece estranho.
O sol vigia  por entre os arrepios das nuvens na angústia do sofrimento que adivinha.


E o Homem não vê... 
...E o tempo passa.
Estreita-se o caminho para o pesadelo e ele espreita  agora  entre as cores carregadas de um poente sombrio numa advertência sinistra...
E o Homem não vê. 
 

Tudo é Uno. 
Tudo se comunica. 
Somos o continuum espácio-temporal, peregrinos e viajantes.
Talvez por isso, as marés e o oceano romperam a sua calma e em  uníssono bateram no muro indefeso da areia em redemoinhos de espasmo.  


Longe, o sol preparava-se para se esconder atrás das Bermudas, devolvendo ainda a mágica beleza de cada poente.  


Escondia-se, perguntando-se porém, nos milénios da sua idade  até quando a Humanidade deixaria de ser, tanto imatura como irresponsável. 


 Os Homens não acordaram da sua letargia, esquecendo que tudo é movimento, que o planeta é o jardim onde plantamos os olhos, o bosque onde descansamos o espírito, o vale onde dormem os prados. 
Os Homens confiaram em toda a tecnologia que ainda não lhes devolve todo o Poder .
Mas os pássaros recolheram -se nos seus refúgios distantes, em ramos pensativos, numa antecipada visão.
O Homem, não. 



Texto e Fotografias de
Manuela Barroso


sábado, 19 de setembro de 2020

Como as Gaivotas


Dos confins do oceano, algo de inquietante perturbava o sonho do voo aquietado pela brandura da tarde que ia caindo.
-Somos as gaivotas assustadas procurando paz nos labirintos ...


...e partimos  em debandada procurando, na espuma dos dias,  a possível  saciedade do nosso bem-estar , algures, onde mar e sol sejam o berço que nos acolhe.


 ...Mas o instinto obriga a sobrevoar o rasto das migalhas de todos trazendo com ele a luta pela defesa do que julgamos que só a nos pertence...


Mas eis que a fraqueza de uns, é a sorte de outros. 
Partimos de novo na busca do sonho certos de que a união faz a força.


Porém, sempre há um  indeciso que  fica em terra , com medo da luta e da derrota...


...esperando as sobras trazidas pelas marés despidas de algas e sargaço clandestinos.


As que ficam, preferem a segurança da pátria do seu mar , a uma  rota sem destino.



Mas num golpe de asa,  um silvo as acorda.
 E, num último adeus, eis a debandada , rumo às águas azuis, algures numa ilha longínqua, onde há  mel para aves e
 insectos  e fel para o Homem na cobiça e ganância do ouro.
Eles fazem parte da dança do Planeta. 
O Homem reina com a insistência mortífera de esventrar  o seio da Terra.



Manuela Barroso 
(Fotografias minhas)

domingo, 14 de junho de 2020

No silêncio...


Fotos pessoais


 No silêncio de minha casa ouço as vozes
das flores
até os segredos têm asas, com penas
de tantas cores.
Volto sempre a esta casa onde a quietude
é cambraia
que me envolve em seus braços e onde minha alma
se espraia.

MBarroso