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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Ave de mim

 Foto minha -clique para aumentar
Deixa que seja ave de mim.
E à procura do meu palácio do tempo,
quero ser levada
pela transparência das minhas asas


Manuela Barroso

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Eis a liberdade


Foto Pessoal

Eis a liberdade que o Campo me dá:
meus olhos leem em sintonia com a Alma.
Todos somos UM.

Manuela Barroso

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Súplica da Árvore




- Machado (disse a árvore, ao machado):
No meu tronco não ouses o teu fio!
Não é digno, no chão, ver-se deitado,
Quem nasceu para ser, somente, erguido!

Mas o machado, surdo, a qualquer brado,
Talhava o tronco indiferente e frio.
Quando, o destino, já nos foi traçado,
Ninguém lhe muda mais o seu feitio.

Já quase, prestes, a cair no chão
(Suspiro antes que a morte nos consuma),
A árvore insistiu… mas foi, em vão.

Então, a estralejar, se desapruma,
Pois, seja por desatino, ou condição,
Nunca fica, de pé, coisa nenhuma.


Florentino Alvim Barroso -”O Vento e as Ventanias”, Edium Editores


segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

A noite é o meu livro



A noite é o meu livro
Onde escrevo a alma
Em páginas de fantasia.
As letras são gotas de luz
Candelabro do meu peito
Cristal transparente
De que é feito.

Manuela Barroso










segunda-feira, 17 de junho de 2019

Apresentação de "Luminescêncas"



JUN29
34º Aniversário do Museu da Fundação
Público





A Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro convidam-no para a comemoração do 34º Aniversário do Museu da Fundação, a decorrer no dia 29 de Junho de 2019, com o seguinte programa:

15:00 | Recepção e inauguração de exposições:
António De Matos Ferreira | Para além do infinito | Exposição retrospectiva | Pintura
Margarida Santos | Plural e Singular - 10 Chaves para perpetuar a essência da Natureza | Pintura e escultura em bronze

15:45 | Apresentação do Livro de Arte "Do Barro ao Bronze assim nasce uma escultura" de
Margarida Santos

16:00 | “Luminescências”, Poesia de
Manuela Barroso pela voz de Aurora Gaia, Libânia Madureira e Carlos Revez (como introito à exposição de António De Matos Ferreira)

17:00 | Concerto por
Bernardo Santos

17:45 | Bairrada de Honra

Entrada gratuita



Sintam-se todos Convidados, queridos amigos desta" casa"
O meu abraço!

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Foi ontem


Foi ontem ainda que o tempo não morria
na estrada da minha pele
Os olhos atravessavam as pedras nas micas incandescentes
de agosto
E as rosas...
Ah, as minhas rosas!
Choravam as pingas de sulfato das latadas em flor!
E eu corria menina nos canteiros
com margaridas sorrindo pelo meio!
Que bom saltar à corda ,à macaca e às casinhas
não saber ler a lua nem Vénus à noitinha
correr por entre o centeio que arde
no rubro sol na herdade...
Fazer tudo
fazer nada
Somente o lanche da tarde
Ah! morangos pequenos silvestres num creme
de açúcar e Porto na delícia de um recheio
da torta saída do forno e chocolate pelo meio.
E as delícias de amoras colhidas entre os picos
amansados com a língua pintalgada de salpicos?
E o sol ardia na pele e quanto mais ele batia
mais em fogo me fazia na praia do meu jardim
E nos vestidos rosa, de alça, eu mostrava a minha cor
e a graça de andar descalça na relva bordada de flores.
Ah, tardes na minha casa, meu descanso, meus jardins
que eu regava à noitinha com o canto  dos chapins

E põe-se o sol lentamente
ontem , hoje e amanhã
já não como antigamente...
Hoje foge a vida  a correr
fugindo de mim também.
Mas antes também fugia
porém, com outra magia.
Agora...
Ai, agora corro tão calmamente
saboreio cada hora
que quando vejo correr
os olhos gritam...
Pára, fica, demora!

E dói-me a pressa
da pressa dos outros
Dói-me ter que parar
na metade do caminho...
Devagar que tenho pressa
-digo para mim baixinho!
E...
deito o rosto entre as mãos
dobrando os dedos na face...
dói-me o peito ou o coração?
Ah, dói-me antes a carne
porque a alma...
essa, não!


Fevereiro 2013

Manuela Barroso





sábado, 19 de janeiro de 2019

Sou e não sou


 
Sou e não sou...

Estou e não estou mais...
Sempre foi esta loucura!
Corro atrás de tudo e nada
fujo sempre e só de mim.

Nesta correria louca
Neste perfeito nó cego
não quero ouvir já ninguém...
Levanta-se então o meu ego...
E fujo sempre, ainda mais
num corrupio constante
como folha na corrente
flor que morre lentamente
cai sem deixar semente...

E dói-me...
Dói-me tanto este baloiço
que quando me deito e pernoito
sinto-me só e ausente!
E corre a noite vazia
dentro do vazio de mim
e sinto-me tão cheia de tudo
e tudo me parece assim:

Sou a Partícula Divina
Que percorre o Universo
Enorme ou pequenina
Não sei
Serei da poesia...
O verso!

Manuela Barroso, in “ Inquietudes”, Edium Editores

domingo, 6 de janeiro de 2019

Águas Ondulantes



Águas ondulantes do meu pensamento
Envoltas em neve de água fria
Geram tormentos à luz da lua
Tempestades raivosas, tontas de alegria.

Aquecendo-se no seio deste desterro
Sonha o pensamento com tal ternura,
Esvaem-se da memória aqui e agora   
Imagens secretas, sinistras de amargura!

Acalma-te oh alma sedenta de paz!
Desliza lentamente por entre o meu espaço:
Ilumina mansamente este labirinto,
Devolve-me a ternura, sucumbo de cansaço!

Manuela Barroso, “Inquitudes”-Edium Editores

                                                                           






domingo, 25 de novembro de 2018

Aquieto-me


Aquieto-me nos braços da vida
Colhendo saudades.
O rio vai correndo, manso calmo,
Alheio a tempestades...

Navego com o vento
No voo das aves
Nas asas do pensamento.

Solto as amarras
Seguro os remos da liberdade
Aporto nas margens floridas
Tufadas de verde,
Mantas coloridas!

Cheiro a água, cheiro o ar
Cheiro os montes e cheiro os vales
Tenho fome de respirar!

Balouço-me nas águas
Nas pregas da ondulação.
Não quero ouvir ruído
Preciso de solidão!

Quero perder-me no além,
No horizonte em que me fito.
Vai navegando, meu barco!
Tenho fome de Infinito!

Manuela Barroso, "Inquietudes"- Edium Editores


segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Sorte



Ah,  
ser árvore flor
dormir ao sol,
torpor!
Ah,
sorte, ser uma pedra
ter  só que escolher a cor
do amor!
Ah,
sorte, ser gota de água
rebolar-se no paul
do céu
azul!
Ah,
sorte, ser gavião
pisar alto o ar
e o mar!
Ah,
sorte, ser um cristal
vestindo tanta pureza
e beleza!
Ah,
sorte, mil vezes a areia
partida em mil pedaços
ninguém a enreda na vida...
Na teia!    

Manuela Barroso,  in "Inquietudes"- Edium Editores